quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Taxa básica de juros cai para 10,5% ao ano

Copom baixa juros para 10,5% ao ano na quarta redução consecutiva

Trata-se do menor patamar dos juros em um ano e meio, segundo BC.
Expectativa do mercado financeiro é de novos cortes nos próximos meses.

Do G1, em Brasília
 
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, colegiado formado pela diretoria e presidente da autoridade monetária, se reuniu nesta quarta-feira (18) e decidiu, na primeira reunião deste ano, baixar novamente os juros básicos da economia brasileira, que recuaram de 11% para 10,50% ao ano.

Selic 10,5% - janeiro de 2012 (Foto: Editoria de Arte/G1)

Trata-se da quarta reunião consecutiva de redução dos juros, que caíram ao menor nível desde junho de 2010 (10,25% ao ano). Com a decisão, a autoridade monetária confirmou a expectativa do mercado financeiro e "devolveu" todo aumento de juros efetuado desde o início do governo Dilma Rousseff - visto que os juros começaram o ano passado em 10,75% ao ano.
Sistema de metas de inflação e previsões
Pelo sistema de metas de inflação, que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas, tendo por base o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Para 2012 e 2013, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.
Para este ano e para 2013, a estimativa do mercado financeiro para o IPCA é de 5,3% e de 5%, ou seja, ainda acima da meta central de inflação. O próprio BC ainda prevê inflação acima da meta central em 2012 e 2013.
Em dezembro, no último relatório de inflação, a autoridade monetária estimou um IPCA de 4,7% para este ano e para o próximo no "cenário de referência" (juros e câmbio estáveis). Com cenário de queda dos juros esperado pelo mecado financeiro, a previsão ficou em 4,7% para este ano em em 5,2% para 2013.

Explicação
Ao fim do encontro, o BC divulgou a seguinte explicação para a decisão do Copom: "Dando seguimento ao processo de ajuste das condições monetárias, o Copom decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa Selic para 10,50% ao ano, sem viés. O Copom entende que, ao tempestivamente mitigar os efeitos vindos de um ambiente global mais restritivo, um ajuste moderado no nível da taxa básica é consistente com o cenário de convergência da inflação para a meta em 2012".

Crise financeira e recuperação
A nova redução dos juros por parte do Banco Central foi tomada em meio à crise financeira internacional, que começou em setembro de 2009, mas que voltou a piorar em meados do ano passado - com o rebaixamento da dívida dos Estados Unidos pela agência de classificação de risco Standard & Poors.
Para o BC, a "transmissão" do cenário de crise externa para a economia brasileira pode acontecer por meio da redução do volume de comércio e do menor aporte de investimentos, além de restrições ao crédito e da "piora" no sentimento de consumidores e empresários. A crise também deve gerar, segundo analistas, redução dos preços dos alimentos - contribuindo para moderar as pressões inflacionárias.
Para o economista da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flavio Castelo Branco, a recuperação do nível de atividade, identificada pelo IBC-Br do BC de novembro, e pelos indicadores industriais, que poderia pressionar a inflação, ainda não preocupa.
"Há indícios de que um período de maior dificuldade tenha sido vencido. Houve uma retomada. Tivemos um indício. Os indicadores de novembro foram novamente mais favoráveis, e podem estar refletindo que o período de maior dificuldade tenha passado. Mas a expectativa é de uma reuperação gradual da atividade. A única fonte de pressão inflacionária é o aumento do salário mínimo, mas não vejo empecilho para a queda dos juros neste momento", disse o economista da indústria.

Comportamento previsto para os juros no futuro
A previsão do mercado financeiro é que a taxa de juros, fixada pelo Banco Central, continue recuando nos próximos meses. A estimativa é de que os juros básicos caiam para 10% ao ano em março e para 9,5% ao ano em abril deste ano - patamar no qual, ainda segundo previsão dos economistas dos bancos, fechariam o ano de 2012. Entretanto, a previsão dos analistas do mercado financeiro é de novos aumentos de juros a partir do começo de 2013 - finalizando o próximo ano em 10,25% ao ano.

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